Na noite do último sábado, o jornalista Rudson Vieira lançou via instagram o seu terceiro livro, Poros, “que relaciona a vida com uma feira livre, transpondo sentidos literais para o que a imaginação dos leitores permite”, comenta o escritor.
Rudson Vieira comenta que “Poros veio à luz como resultado de sua mania de observar pessoas, processos, fluxos, comportamentos. Tudo sem amarras de lógica, sentido ou padrão único”. Indagado sobre o que a obra traz, o escritor conta que “traz um pouco do”, uma resposta incompleta, um espaço aberto a respostas a serem formuladas pelo próprio leitor.
Sobre buscar inspiração em uma feira, o autor sublinha que, “na era das redes sociais digitais, pensar no modelo das redes sociais presencias (praças, feiras e afins) e como as pessoas vivenciam me chama a atenção. E se a feira não for uma feira? Mas se forem alter-ego de um narrador? Ela é uma feira típica, e poder ser algo mais”, uma resposta do escritor desprezando o ponto final nessa fala, “uma tradução do espaço aberto ao leitor para sua completude ou falta”, completa.
Um feirante atravessa a obra como protagonista do livro, sempre atento a tudo que envolve o mercado. Segundo Rudson Vieira, “esse personagem é alguém ou um lugar ou um instante que ele gostaria de conhecer”, deixando nas entrelinhas que se trata do próprio autor, um apaixonado por metáforas. “O recurso estilístico nos dá o poder de alterar o sentido ‘real’ das coisas e estimular o leitor a assimilar essa alteração intencional, seus novos significados”.
Quanto ao processo de criação de Poros, desde a concepção da ideia central da obra e o tempo para que chegasse a ser editado, o escritor conta que “a escrita me é orgânica. Geralmente escrevo as ideias como me veem, e acontece de escrever mais de uma história ao mesmo tempo. Poros foi escrito simultaneamente com Soro (que mesmo pronto ficará guardado por um tempo). Depois de pronto, procurei uma editora que auxilia escritores a publicarem, e fiz um pequeno investimento das minhas economias. Os processos de revisão, diagramação e finalização levou uns sete meses, ainda mais em função da pandemia. Nesse tempo veio a concepção da capa assinada pelo artista plástico Luciano Moreira Fonseca, amigo do autor que é responsável pela capa de seus dois outros livros, Cobogós e Cílios ao vento.
Com essas obras, Rudson Vieira abraçou a carreira literária, “uma atitude de desafio, um salto. Sem vislumbrar onde iriam meus pés, segui. Sem grandes pretensões. Encorajado por amigos e família decidi publicar”, recorda, acrescentando que o que “escrever é uma necessidade. Colocar no papel o que já não cabe em mim. Registrar os pensamentos, as ideias e sensações.”
Rudson Vieira conta que sempre gostou de escrever, desde criança, motivado pelos pais que sempre o incentivaram. “Eu me lembro dos dois primeiros livros que marcaram minha vida. Na infância, o Burrinho Alpinista, que cheguei a compra em um sebo décadas depois; na adolescência, uma compilação de Pessoa, Ficções do Interlúdio, poemas de Fernando Pessoa, que um amigo me apresentou, e minha cabeça nunca mais foi a mesma. Sempre me recordo até hoje de como foi ler Pessoa”.
O escritor frisa que sua formação acadêmica colaborou muito para seu envolvimento com o gênero lírico permeado pela ‘função poética’. “Fui da segunda turma de Jornalismo do Unileste-MG, onde tive o apoio de pessoas instigadoras. Com elas, aprendi muito e entendi sobre como aperfeiçoar meus passos sem interromper a caminhada. Sabe, como as águas…. um rio e suas três margens.”
Sobre produção literária em tempos de pandemia, Rudson Vieira enfatiza que “escrever também é cuidar da saúde mental, tão agredida em período de isolamento social. Então continuo a escrever, sem pretensões de continuar a publicar… talvez postar em meu blog (passocomunicacao.blogspot.com).”