Por que algumas pessoas estão sempre atrasadas?

Esta matéria eu li no The Summer Hunter, uma newsletter que recebo toda semana em meu e-mail e que sempre traz assuntos interessantíssimos. Desta vez, como de outras, resolvi re-publicar porque é de interesse de muita gente e mais: tem pessoas que convivem como os sempre atrasados e estão cada vez mais estressados. Vamos lá:

“Recentemente, viralizou nas redes sociais um vídeo com a seguinte pergunta: “Você pode chamar uma pessoa pra sair e, se ela chegar atrasada, você ganha 1 milhão de reais. Quem seria?”. Não precisa nem pensar muito pra lembrar de algum amigo ou familiar que faria essa grana cair na sua conta, né? A verdade é que o mundo pode ser dividido entre os que esperam e os que “estão chegando”. E não é raro os membros do primeiro grupo se estressarem com os do segundo.

Mas, de acordo com especialistas em comportamento humano, os atrasados crônicos não fazem isso de propósito ou porque não valorizam o tempo do outro — é um padrão que nem sempre é fácil de contornar. Aqui, a gente explica o que está por trás desse comportamento e reúne dicas tanto pra melhorar a convivência entre esses dois perfis quanto pra quem quer transformar a sua relação com o relógio.

Me dê motivos
Um estudo da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, concluiu que os atrasados crônicos são mais otimistas ao calcular o tempo. Ou seja, sempre acham que vai dar pra resolver a vida e chegar na hora. Os pesquisadores afirmam que essas pessoas têm outras características em comum: são positivas e criativas, mas também menos realistas e mais bagunceiras.

Autora de Never Be Late Again, a especialista em gestão do tempo Diana DeLonzor vai além e afirma que há quem busque, consciente ou inconscientemente, a adrenalina de viver correndo. Em tempos de notificações constantes e obsessão por produtividade, essa sensação de urgência acaba sendo naturalizada e até incentivada. O tempo nunca parece suficiente e, diante disso, muita gente passa a funcionar melhor sob pressão: o prazo apertado ajuda a focar, a correria traz certo estímulo, o stress vira combustível.
Atraso seletivo
Pesquisadora focada em entender o comportamento dos atrasados e autora do livro Late!, Grace Pacie descobriu que os atrasados conseguem, sim, chegar na hora quando sabem que sofrerão consequências –– perder um avião, por exemplo. É na vida social, portanto, que mandam realmente mal nos horários, contanto com a tolerância de amigos, familiares, parceiros, entre outras pessoas próximas ou não.

Jeitinho brasileiro
Otimismo demais, falta de consequências, tolerância: seriam essas as raízes da cultura do atraso no Brasil? Em um estudo dos anos 1980, Robert Levine, professor de psicologia da California State University, nos Estados Unidos, descobriu que estudantes brasileiros só consideravam alguém atrasado 33 minutos após o horário combinado, enquanto a média entre os norte-americanos era de 19 minutos. Muitos brasileiros ainda associavam esse hábito com um certo status de sucesso.

É verdade que, culturalmente, somos mais permissivos com o tempo, principalmente fora do âmbito profissional. Não à toa, em nossa etiqueta peculiar, chegar pontualmente a uma festa pode parecer estranho (e até indelicado). No entanto, nem sempre é legal sair por aí repetindo que somos um povo “atrasado”. Tem jeito?
Não é fácil, mas mesmo quem vive chegando depois pode melhorar a sua relação com o relógio. E o primeiro passo é justamente entender que mudar é possível. O fato de os atrasados crônicos ficarem estigmatizados por isso acaba retroalimentando esse hábito, fazendo com que acreditem que isso é uma característica imutável. Por isso, vale evitar frases como “eu sou assim mesmo, não tem jeito”; ou “você nunca chega cedo, não adianta tentar”. A seguir, algumas estratégias que podem ajudar:

Entenda por que você se atrasa
É ansiedade? Dificuldade de priorizar tarefas? Insegurança? Muitas vezes, o atraso é só o sintoma. Entender a raiz ajuda a lidar com o comportamento de forma mais gentil e eficaz.

Calcule o tempo real das coisas
Separe um dia pra cronometrar quanto tempo você realmente leva pra fazer certas tarefas, como preparar o café, se arrumar e chegar até o metrô ou ponto de ônibus. Assim, além de saber que horas deve sair de casa, você também entende quando é preciso pausar o que estiver fazendo antes e “mudar de fase”.

Crie um “horário de transição”
A gente sempre esquece que existe um tempo entre uma coisa e outra: pegar a bolsa, achar o fone, esperar o elevador… Bloqueie 10 ou 15 minutos entre tarefas pra esse meio do caminho. Funciona quase como um fuso horário interno.

Se arrume com antecedência
Se der, deixe a maioria das coisas organizadas no dia anterior. Ficar pronto horas antes também cria uma margem de segurança: mesmo se surgirem coisas pra resolver, você já está de banho tomado e com a roupa certa pra ir.

Aproveite a espera
Vai a um café, parque ou outro lugar tranquilo? Chegue mais cedo e leve um livro, uma revista — ou use esse momento pra simplesmente respirar. Essa pode ser a pausa que você estava precisando no meio da correria.

Se, mesmo tentando, você ainda não conseguir chegar a tempo, não se martirize. Peça desculpas e avise, com sinceridade, quanto tempo vai se atrasar. Dizer que “já está chegando” quando ainda nem saiu pode piorar a situação.


Para os pontuais
Conhece alguém incrível que nunca chega no horário combinado? Em vez de se estressar sempre ou tentar mudar esse hábito à força (o que não está nas suas mãos), vale ajustar a expectativa. Dá pra se programar pra sair mais tarde, ou levar algo pra fazer enquanto espera. A pesquisadora Grace Pacie, que se define como uma atrasada crônica, sugere uma tática um pouco mais radical:Por fim, também é bom lembrar: ser pontual não torna ninguém automaticamente melhor que os outros. Muita gente que chega no horário vive ansiosa, imaginando tudo o que pode dar errado no caminho. E, quando se atrasa, sente culpa, frustração e até perde o bom humor. No fim das contas, todo mundo está tentando lidar com o tempo do jeito que dá.

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texto: Dandara Fonseca | edição: Adriana Setti | arte: Eduardo Gayotto

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