EM DEFESA DE SENÉAD O’CONNOR, CONTRA A HIPOCRISIA

O cantor e compositor Morrissey, que iniciou sua carreira na banda The Smmiths, criticou duramente os músicos e outras figuras públicas que têm prestado homenagem a Sinéad O’Connor, falecida esta semana aos 56 anos.
No seu website, o ex-Smiths afirmou que os media e a indústria decidiram prestar tributo a Sinéad “quando já é tarde”. “Não tiveram a coragem de lhe prestar apoio enquanto era viva”, escreveu.

“Ela foi abandonada pela editora após vender sete milhões de discos. Ficou louca, sim, mas desinteressante, nunca”, continuou. “Não fez nada de errado. Tinha uma vulnerabilidade orgulhosa. Há um certo ódio da indústria por artistas que não se ‘encaixam’ (algo que conheço muito bem), e que só são elogiados após a morte, quando já não podem responder”.

Tentando dar um tapa na cara nos meios de comunicação e outro na da sociedade, que descartam facilmente seus ídolos, ele diz: “A imprensa rotula os artistas como pragas por causa do que eles retêm… e chamavam Sinead de triste, gorda, chocante, louca… Ah, mas hoje não! CEOs de música que haviam colocado seu sorriso mais charmoso ao recusarem seu trabalho estão fazendo fila para chamá-la de ícone feminista”.

“Os diretores executivos que anteriormente rejeitaram contratá-la estão hoje a apelidá-la de ‘ícone feminista’. Celebridades e duendes e editoras com uma diversidade artificial estão a empoleirar-se no Twitter para escrever banalidades. Foram vocês que fizeram a Sinéad desistir”.

O texto de Morrissey prossegue, dizendo que as celebridades artificiais estão se espremendo no Twitter para escrever suas baboseiras: “Foram VOCÊS que falaram para Sinéad desistir… porque ela se recusou a ser rotulada, e foi degradada, pois aqueles poucos que movem o mundo são sempre degradados. Por que ALGUÉM está surpreso que Sinéad O’Connor esteja morta? Quem se importou o suficiente para salvar Judy Garland, Whitney Houston, Amy Winehouse, Marilyn Monroe, Billie Holiday? Para onde você vai quando a morte pode ser o melhor resultado? Essa loucura musical valeu a vida de Sinead? Não, não valeu. Ela era um desafio, e ela não podia ser encaixotada, e ela tinha a coragem de falar quando todos os outros ficavam na segurança do silêncio. Ela foi assediada simplesmente por ser ela mesma”.

“Ela tinha a coragem de falar quando toda a gente se calava. Amanhã, os betinhos que a idolatram voltarão a escrever lixo online, voltarão à sua cultura de cancelamento, à sua superioridade moral, aos seus obituários vomitados. A Sinéad não precisava das vossas tagarelices estéreis”, concluiu Morrissey.

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