Geraldo Alckmin, Robert Habeck, Flávio Roscoe e autoridades alemãs falam sobre assuntos estratégicos para o setor produtivo mineiro e brasileiro
Proteção climática, transição energética e digitalização são temas tratados como estratégicos para o desenvolvimento da indústria nacional e são pilares da agenda bilateral entre Brasil e Alemanha. Essas foram algumas constatações expressadas pelos governos dos dois países e de Minas Gerais, por lideranças empresariais e autoridades durante a abertura do 39° Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), nesta segunda-feira (13/03), em Belo Horizonte.
Em seu discurso, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou que o parque industrial brasileiro tem grandes possibilidades de crescimento nos próximos anos, especialmente em decorrência da matriz energética renovável e da diversidade de serviços e produtos, o que, segundo ele, tornam o Brasil competitivo e atrativo para investimentos. Nesse contexto, o vice-presidente enalteceu Minas Gerais como expoente na produção de energia fotovoltaica a acredita que o estado pode avançar ainda mais nessa direção.
Alckmin, entretanto, ponderou que o país precisa adotar algumas medidas importantes de fomento ao desenvolvimento sustentável e incentivo à produção, como a reforma tributária, desburocratização, apresentação de um novo arcabouço fiscal, entre outros. Sobre a Alemanha, o vice-presidente elogiou a parceria com o país europeu em diferentes segmentos industriais e, para alavancar essa cooperação, ele lembrou da importância do fechamento do acordo Mercosul e União Europeia e do avanço das tratativa sobre tributos. Alckmin ainda prometeu “trabalhar 24 horas para fortalecer a indústria mineira e brasileira”.
Flávio Roscoe, presidente da FIEMG, acredita que o vice-presidente, à frente do Ministério Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, pode fortemente contribuir para a melhoria do ambiente de negócios em Minas e no país. Para o líder empresarial, o setor produtivo tem grandes desafios e, ao mesmo tempo, oportunidades de elevar a competitividade. Um desse caminhos, prosseguiu o líder empresarial, passa pela proteção das áreas verdes e da produção de energia limpa.
“Minas Gerais tem 94,5% da sua matriz energética renovável. Podemos vender energia limpa e produtos com baixa pegada de carbono. A FIEMG tem feito um grande trabalho de mapeamento para agregar valor ao que é produzido aqui no nosso estado, levando em conta a descarbonização”, declarou. Flávio Roscoe lembrou ainda do papel decisivo do setor privado mineiro na preservação do meio ambiente e dos investimentos do setor privado alemão no estado.
Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, citou algumas ações do Executivo e Legislativo para conciliar a produção industrial e proteção climática e do meio ambiente. A adesão do Estado ao programa Race to Zero – Campanha global com objetivo de zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050 – a aprovação da Lei Mar de Lama Nunca Mais, de 2019, que trata, por exemplo, da Política Estadual de Segurança de Barragens (PESB), foram destacadas por Zema. “Somos o estado que mais gera energia fotovoltaica e o que tem maior área reflorestada do país”, disse.
Parceria e crescimento
Vice-chanceler e ministro federal de Assuntos Econômicos e Ação Climática da Alemanha, Robert Habeck também falou da cooperação tradicional com o Brasil no segmento produtivo e vê o país como importante parceiro no América Sul. Habeck crê que o acordo Mercosul e União Europeia pode avançar para a formalização, beneficiando o comércio exterior entre os países.
Para Robert Habeck, o EEBA é um encontro fundamental para brasileiros e alemães trocarem informações e experiências sobre energia limpa, transição energética e digitalização, com destaque para a chamada Indústria 4.0. “Crescimento, prosperidade e proteção climática devem estar de mãos dadas para caminharem juntos”, disse.
O representante da presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Ricardo Alban, também falou do trabalho conjunto com o governo alemão em prol da indústria de ambos os países. Alban considera que o este evento “promove o encontro entre os setores públicos e privados, fortalecendo ainda os laços culturais entre os países”.
Em consonância com Ricardo Alban, o presidente da Federação das Indústrias Alemãs – BDI, professor Ing Siegfried, afirmou que o Brasil é um parceiro estratégico da Alemanha há mais de 100 anos e ambos os países têm desafios em comum afetos à industrial, como digitalização e segurança cibernética. Siegfried enxerga no Brasil um pioneiro na produção de energia limpa e considera essa condição de um dos atrativos de investimento externo. “Cooperação fortalecida significa mais investimento, mais exportação e importação. Juntos, podemos ter mais dinamismo nas relações econômicas do Brasil com a Alemanha”.
O EEBA tem a organização da FIEMG, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias Alemãs (BDI), patrocínio master da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge)/Governo de Minas Gerais, apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da Invest Minas e a parceria da Vale e Basf.