No mundo, uma em cada seis mortes são relacionadas à doença
A Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que, no ano 2030, haverá 27 milhões de casos novos de câncer, 17 milhões de mortes e 75 milhões de pessoas vivendo com a doença oncológica.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil terá aproximadamente 704 mil novos casos de câncer ao ano até 2025.
Entre os fatores de risco responsáveis por esse crescimento, estão: envelhecimento da população, epidemia de obesidade, maior exposição à radiação solar, hábito alimentar não saudável (excesso de carne vermelha, enlatados e embutidos) e tabagismo.
Atualmente na unidade de oncologia do Hospital Metropolitano Vale do Aço (HMVA) são 160 pacientes em tratamento e cerca de 400 em acompanhamento.
O tumor maligno mais frequente é o de pele não melanoma, responsável por 31,3% dos casos, seguido pelo de mama em mulheres (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).
O câncer de fígado, relacionado a infecções hepáticas e doenças hepáticas crônicas, está entre os 10 mais frequentes na região Norte do Brasil. Já o de pâncreas, que tem obesidade e tabagismo como fatores de risco, está entre os 10 que têm maior incidência na região Sul.
“O câncer é uma doença que não espera. Alguns meses de atraso no diagnóstico podem fazer muita diferença no tratamento”, afirma o médico oncologista Thayles Vinicius Moraes, responsável pelo setor de oncologia do Hospital Metropolitano Vale do Aço.
De acordo com o médico, o segredo do sucesso para o melhor tratamento e cura do câncer é a realização dos diagnósticos em fase inicial. “essa precocidade pode ser obtida a partir da realização dos exames de rastreamento”, alerta o profissional.
Neste Dia Mundial do Câncer (4/2), o oncologista responde algumas perguntas sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce.
1.Quais são os tipos de cânceres com possibilidades de detecção precoce e qual a faixa etária indicada para fazer exames preventivos?
Podemos detectar precocemente os cânceres de mama, próstata, colo uterino, cólon-retal e pulmão. Exame dermatológico anual também pode detectar lesões de pele de alta suspeição para cânceres de pele.
A faixa etária inicial para início de rastreamento oncológico ocorre por volta dos 40, 45 anos de idade. Mas é preciso levar em conta algumas variáveis: gênero, histórico pessoal e familiar de câncer, hábito tabagismo, atividade sexual, dentre outros. Em alguns casos poderemos iniciar um rastreamento ainda em idade mais jovem do que a habitual, principalmente quando detectamos ou suspeitamos de famílias com síndromes de predisposição hereditária ao câncer.
2.Existem fatores de risco que exigem a realização desses exames com maior frequência?
Sim, principalmente nos pacientes que sabidamente são portadores de mutações genéticas germinativas, que aumentam muito o risco para desenvolvimento de cânceres ao longo da vida, ou que pertencem à famílias com acometimento de gerações contínuas ou com múltiplos casos de câncer.
Paciente que sabidamente é portadora de mutação genética germinativa dos genes BRCA1 ou BRCA2: tem indicação de rastreamento mamário a partir dos 25 anos de idade e geralmente com associação de mamografia e ressonância magnética das mamas.
Paciente sabidamente portador ou com alta suspeita para Síndrome de Lynch, pois tem consideravelmente aumentado o risco de câncer cólon-retal, endométrio e do aparelho urinário. Nestes, a colonoscopia para rastreamento do câncer cólon-retal deve iniciar por volta dos 25 anos de idade.
3.Quais os principais exames para detecção?
· Mamografia e Ultrassom das mamas (Câncer de mama)
· Colonoscopia (Câncer cólon-retal)
· Papanicolau ou preventivo ginecológico (Câncer do colo de útero)
· PSA e toque retal (Câncer de próstata)
· Tomografia do Tórax com baixa emissão de radiação (Câncer de pulmão)
4.Há diferença entre diagnóstico precoce e triagem? Qual?
Entendo por triagem a identificação de pacientes com risco de desenvolvimento de câncer, acima da população de forma geral, seja por fatores genéticos, hereditários ou relacionados a hábitos de vida ou demais fatores externos.
O diagnóstico precoce poderá ser realizado a partir dos exames de rastreamento, que poderá sem mais intensificado ou não, caso o paciente após passar por uma triagem de risco inicial, for incluído com risco habitual ou aumento para desenvolvimento de câncer.
5.Mapeamento genético pode contribuir para a prevenção do câncer?
Sim. A oncogenética é um braço da Oncologia, que se dedica ao estudo das mutações germinativas (mutações em que os pacientes nascem com ela, herdadas do pai ou da mãe), sendo que em algumas o risco de desenvolvimento de cânceres aumenta consideravelmente em relação à população geral. Os últimos 10 anos foram de grande desenvolvimento dentro da oncogenética, através de conhecimento adquirido e das propostas de rastreamento mais intensificado, e até da indicação das cirurgias profiláticas redutoras do risco de câncer; tais como: mastectomias, ooforectomias, gastrectomias, colectomias.