Dia Internacional da Igualdade Feminina: estudo da FIEMG aponta avanços e desafios no mercado de trabalho

Apesar de avanços, desigualdade de gênero persiste nos setores industriais e de transporte, tradicionalmente ainda dominado por homens
Nesta terça-feira, 26 de agosto, celebra-se o Dia Internacional da Igualdade Feminina. A data reforça a importância da luta pela equidade de gênero, que, apesar de avanços significativos, ainda encontra barreiras no mercado de trabalho formal brasileiro e mineiro.
É o que mostra o estudo “Inserção das Mulheres no Mercado de Trabalho: avanço em funções tradicionalmente masculinas”, elaborado pela Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).
De acordo com o levantamento, as mulheres representavam 44,7% dos vínculos celetistas em 2023 no Brasil. Em Minas Gerais, essa proporção foi semelhante: 44,8%. Apesar disso, ainda há forte concentração feminina no setor de serviços — único entre os grandes segmentos econômicos em que elas superam os homens em número de vínculos formais.
“O mercado de trabalho formal brasileiro tem registrado uma participação crescente das mulheres, mas os dados mostram que ainda enfrentamos barreiras estruturais importantes, especialmente nas áreas tradicionalmente ocupadas por homens”, avalia a coordenadora de Estudos Econômicos da FIEMG, Juliana Gagliardi.
Mesmo com maior nível de escolaridade, as mulheres ainda recebem menos: no primeiro trimestre de 2025, o rendimento médio mensal real delas foi 25,3% inferior ao dos homens no Brasil e 33,6% menor em Minas Gerais. Na indústria, embora a presença feminina venha crescendo desde 2021, o número de homens com vínculo formal ainda é 120% superior ao de mulheres. Em Minas, essa diferença é ainda mais acentuada: 124,1%.
“Apesar da redução progressiva na desigualdade nos últimos anos, o ritmo ainda é lento. É preciso incentivar políticas públicas e corporativas que promovam a equidade de oportunidades, sobretudo nas áreas industriais, tecnológicas e logísticas”, defende Juliana Gagliardi.
O estudo também analisou a presença feminina em profissões STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), que seguem como espaços majoritariamente masculinos. Em 2023, por exemplo, na área de informática, havia 265% mais homens do que mulheres atuando como profissionais da informática no Brasil. Em Minas, essa diferença foi ainda maior: 273%.
No setor de transporte, os dados também revelam disparidades gritantes. Ainda que a quantidade de motoristas mulheres tenha crescido entre 2017 e 2023, os homens ainda representam mais de 349% dos vínculos no Brasil. A maior discrepância aparece entre os motoristas de veículos de carga, com uma diferença de 8.713% de homens a mais do que mulheres no Brasil e 7.315% em Minas.
“A presença feminina está crescendo de forma gradual mesmo nas ocupações mais masculinizadas, como na construção civil, na indústria de transformação e no transporte. Isso indica uma mudança cultural importante em curso — mas que precisa ser reforçada com ações concretas”, conclui Juliana.
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