Nos dias 13 e 14 de setembro, às 16h30min no Parque Ipanema, a Cia. Nós de Nariz compartilhará com o público seu novo trabalho – “C.A.B.Ô.”, uma intervenção cênica itinerante que une circo, performance, música e tecnologia ao lançar na paisagem urbana um palhaço e uma máquina um tanto ou quanto absurdos. O trajeto iniciará em local não especificado, propondo que o público abra a percepção para a paisagem do parque ao se deparar com o acontecimento cênico. O trabalho é resultado de uma pesquisa cênica e cenográfica desenvolvida ao longo do ano de 2025 dentro do projeto “Circo-tecnológico-musical”, realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc através do Fundo Municipal de Cultura e Prefeitura Municipal de Ipatinga.
E se coubesse a um palhaço a tarefa de registrar e armazenar toda a memória do mundo antes que tudo acabe? Em “C.A.B.Ô.” – um acrônimo para Central de Arquivamento Bruto Ômega – acompanhamos o funcionário Z.É.00321 em sua rotina de trabalho. Fatigado e emudecido, ele realiza seu ofício com o auxílio de uma máquina capaz de processar e arquivar imagens, sons, cheiros, palavras, devaneios, sensações e outras abstrações. Um “Zé-Ninguém” afundado em uma sina corporativa de arquivar efemeridades e marchar errante diante de um mundo em colapso – fazendo lembrar aquele José do poema de Drummond. E agora?
Processo de criação
Partindo dos princípios da palhaçaria e outras técnicas circenses em meio à experimentações sonoras e visuais, o trabalho também dialoga com o conto “A Memória do Mundo” (do escritor italiano Italo Calvino) e com o conceito de “Terrorismo Poético” (introduzido pelo filósofo anarquista Hakim Bey). Funciona como um sequestro sensível do espaço urbano: a máquina não pede licença, o palhaço não pede autorização. Eles aparecem e contaminam o cotidiano, plantam desvio, instalam um colapso poético. A proposta é fruto de um processo criativo que envolveu derivas performativas no centro da cidade de Ipatinga e uma imersão de criação cenográfica colaborativa que resultou em uma instalação móvel composta por sucata eletrônica e dispositivos sonoros variados (Loop Station, Makey Makey, Controlador Midi, instrumentos musicais e outras bugigangas).
Equipe
A produção é de Rayssa Schwartz, integrante da companhia e proponente do projeto. A performance e concepção são de Pedro Barroso (o palhaço Dândi) sob a direção de Léo Coessens (multiartista integrante do Coletivo Aberto de Teatro), que também responde pela dramaturgia e direção de arte do trabalho. O figurino é de Camile Gracian, que também assina a cenografia em colaboração com Léo Coessens e Pedro Barroso. Design gráfico e fotografia de Teuller Morais e maquiagem de Rômulo Amaral. Mais informações pelo instagram @nosdenariz.