Com mais de 1.200 participantes, celebrações realizadas entre 9 e 15 de novembro registraram uma das maiores mobilizações culturais da história recente do município

Fotos: Rodrigo Zeferino

As comemorações pelos 100 anos do Congado do Ipaneminha, realizadas entre os dias 9 e 15 de novembro, em conjunto com a 78ª Festa de Nossa Senhora do Rosário, reuniram mais de 1.200 pessoas e consolidaram uma das edições mais expressivas do calendário cultural de Ipatinga. Guardas de congado, grupos culturais, representantes de comunidades tradicionais e moradores de várias regiões participaram da programação, reafirmando a força da ancestralidade afro-brasileira e a centralidade do distrito na preservação do patrimônio imaterial do município.

A edição histórica, avaliada positivamente por seus realizadores, contou com ternos e guardas convidados de diversas cidades da Região Metropolitana do Vale do Aço, entre eles Congado São Sebastião e Guarda de Moçambique (Timóteo), Marujos dos Cocais (Coronel Fabriciano), Congado Nossa Senhora do Rosário (Jaguaraçu), Marujos Filhos de Maria (Braúnas/Belo Oriente) e o Congado Mirim do Ipaneminha. A circulação dos grupos reforçou a transmissão de saberes tradicionais que atravessam gerações e mantêm viva a devoção a Nossa Senhora do Rosário.

SALVAGUARDA CULTURAL

O centenário marcou também a entrega da sede restaurada do Congado do Ipaneminha, requalificada pelo projeto “Memórias que se reconstroem: 100 Anos do Congado do Ipaneminha”, financiado pelo Fundo Municipal De Proteção Ao Patrimônio Cultural (Fumpac) e Edital 07/2024 – Cultura Viva, via Ponto de Cultura Congado do Ipaneminha. As intervenções abrangeram a troca completa do telhado e do madeiramento, melhorias estruturais e adequações internas e externas, preservando o conjunto arquitetônico da Igreja São Vicente de Paulo. Com cozinha renovada e espaço ampliado, o grupo planeja desenvolver oficinas, atividades gastronômicas e ações comunitárias voltadas para formação, renda e fortalecimento da salvaguarda cultural.

A programação teve início em 9 de novembro com acolhida das guardas convidadas, inauguração da sede restaurada, procissão, levantamento de mastros, almoço comunitário e coroação de Reis e Rainhas do Congado. No dia 15, grupos culturais de Ipatinga reforçaram as celebrações, evidenciando o papel dos territórios rurais na preservação dos saberes que antecedem o ciclo siderúrgico. Estiveram presentes Capoeira Quilombo dos Queimados, Baque Mulher, Tamborellas, Batuque dos Cocais, Congado Mirim do Ipaneminha, expositores do Ipatinga Rural Roteiro Turístico, Oficinas Criativas Solidárias, Grupo de Artesanato, Escola Municipal Professor Mário Casassanta e a Associação dos Moradores do Ipaneminha. Shows de Padre Paulo, Orquestra de Viola, Guto Rangel e Douglas Netto completaram a programação musical.

LEGADO

A produtora cultural Shirley Maclane afirmou que a edição “deixa um legado para as novas gerações”. O presidente do Clube Dançante Nossa Senhora do Rosário, Aristeu Rosalino, destacou o fortalecimento dos laços comunitários e a ampliação do debate sobre identidade negra no município.

O centenário contou com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer de Ipatinga, Associação de Moradores do Ipaneminha, produção de Shirley Maclane e Marlene Brum, registro fotográfico de Rodrigo Zeferino, apoio logístico e decoração de Elias Ferreira e Keila Alves, design de Wemerson Félix e ilustrações de Jorge Inácio, mestre de cerimônias Jeferson Rocha e figurinos de Rafael Cabral e Vânia Ferreira.
O projeto foi financiado pelo Fumpac e pelo Edital 07/2024 – Cultura Viva, via Ponto de Cultura Congado do Ipaneminha, com recursos da Lei Aldir Blanc – PNAB, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.