CENIBRA APOIA RESGATE DO CONGADO REGIONAL

Marujeiros do Cocais se apresentaram neste mês no bairro Rondon Pacheco, em Bom Jesus do Galho. Por volta de 17 horas do dia 11, os tambores do grupo começaram a ressoar fazendo par com as sanfonas e o coro do grupo, que saiu em cortejo do pátio da Vila Ozanam e circulou pela praça central da localidade. Em seguida, os marujos retornaram à Vila, onde dançaram e cantaram músicas tradicionais do congado manifestando sua religiosidade católica e de matriz africana.

Outra atração do evento foi a Dança das Fitas, tradição antiga dos povos arianos trazida para o Brasil pelos portugueses e espanhóis. A Dança, criada para reverenciar a árvore que após o inverno anuncia o prenúncio da primavera, consiste em cobrir um mastro de aproximadamente três metros com fitas multicoloridas trançadas por um grupo que dança em círculo, cada dançarino com a sua respectiva fita que representa um galho de árvore.

Para os moradores do Rondon Pacheco, a evolução foi uma novidade que trouxe muita alegria para a comunidade.

Segundo a organização do evento, as memórias do antigo congado de Bom Jesus que esteve em atividade até os anos 70 motivaram o convite aos marujos para se apresentarem na Vila, um espaço que reúne pequenas moradias construídas para abrigar pessoas em vulnerabilidade social, que não possuem casa própria, e uma capelinha. “As pessoas mais jovens não conhecem manifestações culturais e de devoção como a marujada, que teve origem entre os nossos antepassados africanos. Essa foi uma oportunidade importante para divulgar o movimento e alegrar a nossa comunidade, aproximar nosso povo, animar a nossa festa e reanimar esse movimento que já tivemos em nossa região”, comenta José Nunes, um dos organizadores do evento juntamente com a comunidade. Em seguida, ele destaca a postura do Papa Francisco ao valorizar a cultura africana em um pronunciamento aos universitários africanos. Segundo o pontífice, “a África não deve ser a figura de proa de uma subcultura, a África em suas riquezas”.

TRADIÇÃO

Criada em meados da década de 1940, a Marujada de São José dos Cocais é uma das manifestações culturais mais relevantes do Vale do Aço, que reúne mais de 100 membros devotos, comandados pelo Mestre Santana.

A essência do trabalho da Marujada é a devoção a Nossa Senhora do Rosário, “mas nosso grupo vai aonde é convidado, louvando outros santos, como hoje homenageamos Nossa Senhora de Lourdes”, comenta o Mestre, que se apresentou também no interior da igrejinha da Vila e fez trilha para a missa celebrada pelo padra Erasmo dos Santos. A celebração ganhou ares congos juntamente com o coral do terço de Nossa Senhora do Rosário.

Nosso objetivo é abrir à comunidade a possibilidade de ensinar e de aprender. Sabemos que os mais jovens se interessam pela cultura de seus antepassados, mas faltam oportunidades. É isso que estamos fazendo, criando oportunidades”, afirma.

A apresentação cultural contou com o apoio da Celulose Nipo-Brasileira S/A, a Cenibra.

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