A ideia me lembrou de um livro que li, e depois transformou-se em filme, o Fahrenheit 451, uma distopia futurista em que os livros foram abolidos da humanidade. Os adeptos, então, se organizaram para manter vivos o que estava escrito nas pilhas e pilhas de publicações que eram incineradas (o título se deve ao grau em que o papel é queimado). Como? Cada pessoa DECORAVA um livro inteiro!
Sua vida daria um livro? Pois saiba que ele já está pronto. No projeto da “biblioteca humana”, as histórias que conquistam o público vêm do relato ao vivo dos próprios personagens.
A Biblioteca Humana deve funcionar como um caleidoscópio da diversidade de uma determinada comunidade e permitir que participantes contactem com essa multiplicidade, a compreendam, a aceitem e a celebrem.
“Não julgue um livro pela capa!”. É desta maneira que a Biblioteca Humana se apresenta em seu site oficial. Fundada em Copenhagen, na Dinamarca, a primeira unidade da Biblioteca Humana completou 21 anos em junho. O projeto se espalhou mundo afora com o intuito de levar o aprendizado por meio de livros mais que interativos: as próprias pessoas.
O acervo da biblioteca conta com assuntos relacionados à experiências humanas e podem ser acessados por meio da contação destas histórias pelas próprias pessoas que a vivenciaram. A instituição trabalha, principalmente, com grupos de voluntários que geralmente são estereotipados pela sociedade, como minorias sexuais, religiosas ou raciais.
Ao escolher uma história para ouvir, o usuário é levado até uma área de discussão onde conhece a pessoa que ministrará o conteúdo. Lá, ele poderá escutar o “livro humano”, questionar e tirar dúvidas, tornando a experiência enriquecedora para ambas as partes.
O projeto surgiu a fim de incentivar o diálogo e promover o compartilhamento de culturas diferentes. Segundo a instituição, “o propósito é desafiar o que nós pensamos saber sobre outros membros da comunidade, desafiar os nossos estereótipos e preconceitos num ambiente positivo, onde as perguntas difíceis são aceitas, esperadas e agradecidas”.
Entre as histórias da sede dinamarquesa, destacam-se depoimentos como o “Rapaz do Orfanato”, “Crianças sobreviventes do Holocausto” e “A história de um cigano”. No Brasil. já foi realizado um projeto semelhante, promovido pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Sua terceira edição, em 2019, contou com “sete livros”, que trouxeram histórias sobre intolerância religiosa, vivência com deficiência, a vida com HIV entre outras.
Em Londres, um projeto inusitado do Museu da Empatia substitui os livros comuns por pessoas: a Biblioteca Humana. A proposta é trocar a palavra escrita pela experiência pessoal, que envolve intercâmbio de olhares e interação entre os indivíduos.
A Biblioteca Humana funciona assim: o visitante pode escolher entre três opções de “livros vivos” e cada conversa dura dez minutos. Um sino soa para indicar a hora de trocar os pares. Cada voluntário de “livro vivo” conta para o participante a história da própria vida. As origens foram das mais diversas: um campeão de ciclismo, uma sobrevivente do holocausto e um refugiado sírio que é roteirista e vive em Londres.
Na segunda etapa, as prateleiras recebem doações dos livros favoritos das pessoas. Na parede, um mural traz um resumo de cada volume escrito pelo doador. Entre os títulos, há obra doada pelo ator Ian McKellen, o Magneto de X-Men e o Gandalf de O Senhor dos anéis.
O mesmo museu foi responsável pela criação de uma caixa de sapatos gigantes na qual os visitantes usavam os sapatos de desconhecidos para se colocar no lugar deles.
Fontes:
https://www.bibliotecasabesp.com.br