Um dos maiores talentos contemporâneos da fotografia, o brasileiro Sebastião Salgado é um dos vencedores do 32° Praemium Imperiale, considerado como o Nobel das Artes. A lista dos laureados foi divulgada nesta terça-feira 14 em Paris.
O fotógrafo Sebastião Salgado, de 77 anos, foi um dos vencedores da 32ª edição do Prêmio Imperial do Japão, considerado como o Nobel das Artes. Antes de Sebastião Salgado, apenas dois outros brasileiros foram agraciados, os arquitetos Paulo Mendes da Rocha (2016) e Oscar Niemeyer (2004).
Criado em 1988, o prêmio concede 15 milhões de ienes (cerca de 137.000 dólares) aos vencedores e a cerimônia de entrega acontece em Toquio, feita pelo príncipe Hitachi, irmão mais novo do imperador Akihito. Porém, devido à pandemia, o evento não ocorrerá presencialmente este ano. Além de Salgado, que foi premiado na categoria pintura, também ganharam o prêmio este ano o escultor americano James Turrell, o arquiteto australiano Glenn Murcutt e o violoncelista Yo-Yo Ma. Não foram escolhidos artistas nas categorias teatro e cinema em decorrência da pandemia.
Em seu mais recente trabalho, o fotógrafo retratou os povos indígenas da Amazônia e também a floresta, publicadas no livro Amazônia. “Nesse trabalho, eu quis fotografar a Amazônia viva. A Amazônia morta, destruída pelo garimpo e pelo fogo, eu não procurei.”
HISTÓRIA
Pra quem não conhece, Sebastião Salgado é um fotógrafo mineiro de Aimorés que conquistou o mundo com seu olhar único e suas imagens cheias de impacto e sentimento. Assim, usa as lentes para registrar e contar histórias de pessoas e lugares remotos e esquecidos. Doutor em Economia pela Universidade de Paris, descobriu na fotografia sua paixão. Seu estilo e técnica incomparáveis lhe renderam quase todos os principais prêmios de fotografia do planeta. Mas Salgado foi muito além do fotojornalismo. Ele decidiu usar o trabalho para promover reflexões sobre cenários e questões sociais no Brasil e em muitos outros países.
Foi eleito representante especial da Unicef e membro honorário da Academia das Artes e Ciências dos Estados Unidos. Já em 2019, recebeu o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão. Esse é um dos eventos literários mais importantes da Alemanha. Salgado, de acordo com a premiação, é um artista que promove a justiça e a paz sociais e o debate sobre a proteção da natureza e do clima.
INSTITUTO TERRA
Além disso, o engajamento de Sebastião Salgado o levou a criar o Instituto Terra, em 1998, ao lado de sua esposa, Lélia Wanick Salgado. O projeto nasceu com o intuito de recuperar uma área de Mata Atlântica em Minas Gerais. No entanto, o programa cresceu e hoje engloba também municípios do Espírito Santo. Para isso, montaram uma rede de voluntários e parceiros. São eles que ajudam a financiar e apoiar os programas da instituição. Atualmente, são pouco mais de 711 hectares e uma parte, aliás, está aberta à visitação pública.
No entorno do Vale do Rio Doce, Sebastião e Lélia oferecem ainda campanhas de educação ambiental para as comunidades locais. Ademais, prestam consultoria aos agricultores e garimpeiros da região.
Em 22 anos de existência, o Instituto Terra já reflorestou milhares de hectares de Mata Atlântica. Além disso, quase duas mil nascentes seguem em recuperação.
“Precisamos ouvir as palavras das pessoas na Terra. A natureza é a terra e são outros seres, e se não tivermos algum tipo de retorno espiritual ao nosso planeta, temo que seremos comprometidos”, disse Salgado certa vez em entrevista.
FONTES: https://veja.abril.com.br/
https://www.google.com/
https://www.dci.com.br/