MORREU TOM WOLF, UM DOS MEUS HERÓIS PROFISSIONAIS

Minhas aulas de Teorias do Jornalismo, com o professor e doutor Fernando Rezende, foram permeadas das ideias de Tom Wolf, esse jornalista escritor que morreu na segunda-feira (14/05), aos 88 anos, tido e havido como um dos pais do Novo Jornalismo e autor de livros como Fogueira das vaidades e Radical chique. Segundo sua agente literária, Lynn Nesbit, disse nesta terça aos jornais The Wall Street Journal e The New York Times, o jornalista estava com pneumonia e fora internado em um hospital de Manhattan com uma infecção. Nascido em Richmond, Virginia, Wolfe morava em Nova York desde 1962, quando começou a trabalhar para o New York Herald Tribune como repórter. Wolfe ajudou a desenvolver o estilo que ficou conhecido como Novo Jornalismo, que incorpora técnicas literárias na escrita de reportagens.

Incentivado pelo diretor do New York Herald Tribune, Clay Felker, que queria que seus repórteres fossem “além do jornalismo objetivo”, Wolfe começou a criar um estilo híbrido que rompia com as formas de narrar os fatos, utilizando técnicas da ficção. Ele foi acompanhado de nomes como Truman Capote e Gay Talese.

O Novo Jornalismo se consolidou nos Estados Unidos a partir de 1973, com relatos cena a cena, diálogos completos e descrições sobre comportamentos, formas de falar e vestir que davam ao jornalismo detalhes antes não trazidos pelos repórteres.

Em seus livros de ficção e não ficção, Wolfe analisou os mais diversos ambientes sociais, desde o mundo da arte de Wall Street até a cultura hippie da década de 1960, e abordou questões de classe, poder, corrupção, racismo e sexo. Entre os livros mais famosos de Wolfe está o de não ficção A palavra pintada, de 1975, no qual ironiza o mundo da arte, e a novela Um homem por inteiro, de 1998, na qual o autor utiliza uma dose de sátira para falar sobre raça e alta sociedade de Atlanta.

As principais obras foram A fogueira de vaidades, o primeiro livro de ficção escrito pelo autor, best-seller de 1987, no qual expõe a sede de dinheiro e poder de Nova York na década de 1980; e Radical chique, uma reportagem escrita em 1970 sobre a relação entre o movimento dos Panteras Negras e a elite de Nova York. Já o livro O teste do ácido do refresco elétrico, publicado em 1968, no qual Wolfe faz um relato das viagens de Ken Kesey e da banda Merry Pranksters pelos Estados Unidos, movidas pelo uso de LSD, é considerado até hoje uma crônica clássica da contracultura.

Ao longo de sua carreira, Wolfe ganhou vários prêmios, entre eles o National Book Award de não ficção em 1980 por Os eleitos, sobre pilotos de teste de aeronaves de alta velocidade e astronautas selecionados para um programa espacial da Nasa.

Apesar de quebrar várias regras, seu trabalho foi baseado na velha escola do jornalismo e na atenção obsessiva aos detalhes, que começou já na sua primeira reportagem e o acompanhou por décadas. “Nada alimenta mais a imaginação do que os fatos reais”, afirmou Wolfe, numa entrevista de 1999.

O escritor e jornalista era também conhecido por seu estilo. O terno branco era sua marca registrada. Ele costumava ainda usar sapatos de dois tons.

Wolfe vivia em Nova York com sua esposa Sheila, com quem casou em 1978. Eles tiveram dois filhos.

Fonte: http://www.dw.com

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