DEMOCRACIA EM VERTIGEM

Esta matéria foi escrita pelo jornalista André Miranda para o site https://oglobo.globo.com/, em 19/06/2019, quando o filme brasileiro Democracia em Vertigem, que narra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, chegou ao Netflilx. Ele acaba de ser indicado ao Oscar  de Melhor Documentário pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

“O documentário “Democracia em vertigem”, da diretora Petra Costa, termina com duas frases na tela: “O juiz Sergio Moro é nomeado ministro da Justiça de Bolsonaro” e “Lula permanece preso”. Petra, diretora mineira de 35 anos, com três longas-metragens no currículo e reconhecimento em festivais internacionais, garante que as duas frases foram inseridas em janeiro. Segundo ela, nada do que veio depois, principalmente os vazamentos de supostas conversas de Moro com procuradores da Operação Lava-Jato, publicadas pelo site “The Intercept”, teve influência no filme.

O documentário, porém, faz críticas à forma como o PT se posicionou ao chegar ao poder, especialmente pelas alianças fisiológicas com partidos como o então PMDB, hoje MDB.

Exatamente o debate sobre a democracia brasileira está no cerne do filme de Petra. O documentário, que estreia no mundo inteiro hoje, via Netflix, analisa os últimos anos da política brasileira, sobretudo o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

A maior parte das cenas se passa entre 2013, época das manifestações populares que tomaram o país, e a primeira semana de 2019, na posse de Jair Bolsonaro. Mas a abrangência histórica do filme é maior. Como fez em seus outros dois documentários em longa-metragem (”Elena” e “Olmo e a gaivota”), Petra se coloca na trama a partir de narrações. E se expõe. Seu avô foi um dos fundadores da construtora Andrade Gutierrez, uma das empresas envolvidas nos crimes revelados pela Lava-Jato. Seus pais foram militantes de esquerda nos anos 1970 e viveram na clandestinidade. Ela própria foi batizada em homenagem ao líder comunista Pedro Pomar, assassinado em 1976 em São Paulo, por agentes da ditadura militar.

Tudo isso é revelado no filme pela voz de Petra, que também não esconde seu posicionamento à esquerda e seu entendimento de que o impeachment teria sido um “golpe”. Numa sequência, a diretora leva sua mãe para conversar com Dilma — ambas mineiras, ambas militantes contra a ditadura. Ela também teve acesso a imagens feitas por Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial de Lula.”

 

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