CEBUS MARCA ANIMAIS SEM CONDIÇÕES DE VOLTAR À NATUREZA

A equipe do Centro de Biodiversidade da Usipa (Cebus) promove, nesta semana, a marcação dos animais sem condições de retornar à natureza. Para serem integrados ao plantel do zoológico, por força da legislação ambiental vigente, os animais precisam ser identificados por meio de microchip.

De acordo com a bióloga do Cebus, Cláudia Diniz, os animais foram recebidos no zoológico por meio do Programa de Reabilitação Fauna Sem Lar. “São gaviões, papagaios, periquitos, maritacas, curicas e um macaco bugio (na foto de capa deste post), todos vítimas de acidentes ou maus tratos. Agora que estão recuperados, não têm condições de retornar à natureza e precisam ser devidamente identificados para integração ao zoológico. Outros tiveram melhor sorte com sua devolução à natureza, num total de 258 animais desde o início do programa”, detalha Cláudia.

Além da implantação do microchip, a equipe do Cebus coletou amostra de sangue para exame de DNA para sexagem das aves e administrou vermífugo para os animais. “Todas as vezes que precisamos, por algum motivo, conter o animal para realizar algum procedimento, aproveitamos a ocasião para examiná-los e vermifugá-los”, acrescenta o responsável técnico pelo Cebus, o médico-veterinário, Lélio Costa e Silva.

Situação das aves

As aves trazidas pela Polícia Militar de Meio Ambiente, pelo Corpo de Bombeiros e pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) para o Cebus chegaram, há cerca de um ano, necessitados de cuidados veterinários. A maioria dos gaviões apresentava fratura por causa de choques na rede elétrica, impacto com veículos e linha com cerol. “As asas dos animais precisaram ser amputadas e, por essa razão, mesmo em boas condições de saúde, não têm a menor chance de sobreviverem na natureza”, pontua Lélio.

As maritacas e papagaios apresentam quadro semelhante quando são acolhidas no Cebus. “Normalmente, são criadas em cativeiro, como animais domésticos, apresentam dependência total do cuidado humano e desnutrição por alimentação incorreta. Nestes casos, depois de reabilitadas, muitas não conseguem reaprender a viver sozinhas na natureza”, explica a bióloga.

Bugio: um macaco cheio de vida

No dia 10 de abril de 2017, os profissionais do Cebus receberam um macaco bugio. Resgatado pelo IEF em Teófilo Otoni, Felipe, como foi carinhosamente batizado, chegou em situação deplorável. Idoso, estava sem forças para subir nas árvores e buscar o próprio alimento. Além disso, o animal apresentava feridas no corpo e elevada infestação de vermes.

“A própria equipe do IEF nos entregou o animal e nos avisou de que ele viria para o Cebus para morrer e descansar”, relembra Cláudia. Entretanto, com o passar do tempo e os cuidados recebidos, Felipe virou o jogo. Aos poucos, voltou a se alimentar, ganhou peso, livrou-se das feridas e, há cerca de um ano, resgatou um hábito típico dos macacos desta espécie: Felipe voltou a vocalizar.

“Os bugios, na natureza, emitem um som capaz de alcançar quilômetros de distância. Esse som emitido por ele serve para marcar território, afugentar possíveis predadores e disputar alguma fêmea. Para nós do Cebus, entendemos que o Felipe anuncia que está vivo”, narra Lélio.

Ao completar dois anos no Cebus, Felipe também foi chipado para, definitivamente, permanecer no zoológico onde foi reabilitado e voltou à vida.

Projeto Fauna Sem Lar

Desde abril de 2017, o Programa de Reabilitação da Fauna Sem Lar é desenvolvido pelo Cebus, juntamente com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), a Polícia de Meio Ambiente e a Associação de Proteção Ambiental do Vale do Aço (ARPAVA).

O programa tem o objetivo de receber, tratar, medicar e reabilitar animais da fauna local provenientes de apreensões, resgates, doações voluntárias ou maus tratos. Os animais são trazidos ao Cebus pela Polícia de Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros e pelo IEF.

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